"Todo jardim começa com um sonho de amor. Antes que qualquer árvore seja plantada, ou qualquer lago seja construído é preciso que as árvores e os lagos tenham nascido dentro da alma.
Quem não tem jardim por dentro, não planta jardim por fora. E nem passeia neles".Rubem Alves
"Que possamos ter a coragem de
ficar sós e a valentia de arriscarmos a ficar juntos, porque de nada serve um
dente fora da boca, nem um dedo fora da mão."
"Num mundo de plástico e ruído,
quero ser de barro e silêncio."
“A utopia está lá no horizonte. Me
aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o
horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para
que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar. ”
“Eu não acredito em caridade. Eu
acredito em solidariedade. Caridade é tão vertical: vai de cima para baixo.
Solidariedade é horizontal: respeita a outra pessoa e aprende com o outro. A
maioria de nós tem muito o que aprender com as outras pessoas. ”
“A memória guardará o que valer a
pena. A memória sabe de mim mais que eu; e ela não perde o que merece ser salvo.
”
“A Igreja diz: o corpo é uma culpa. A
Ciência diz: o corpo é uma máquina. A publicidade diz: o corpo é um negócio. E
o corpo diz: eu sou uma festa. ”
“Somos porque ganhamos. Se perdemos,
deixamos de ser.”
“A beleza é bela quando pode ser
vendida. A justiça é justa quando pode ser comprada. ”
“Na parede de um botequim de Madri, um
cartaz avisa: Proibido cantar. Na parede do aeroporto do Rio de Janeiro, um
aviso informa: É proibido brincar com os carrinhos porta-bagagem. Ou seja:
Ainda existe gente que canta, ainda existe gente que brinca. ”
Diego não conhecia o mar. O pai,
Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar.
Viajaram para o Sul.
Ele, o mar, estava do outro lado das
dunas altas, esperando.
Quando o menino e o pai enfim
alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na
frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto fulgor, que o
menino ficou mudo de beleza.
E quando finalmente conseguiu falar,
tremendo, gaguejando, pediu ao pai:
" Para mim, filosoficamente, o presente não existe. Só
o tempo passado
é que é tempo "reconhecível" - o tempo que
"vem", porque "vai",
não se detém, não fica presente. Portanto, para o escritor
que eu sou,
não se trata de "recuperar" o passado, e muito
menos de querer fazer
dele lição do presente. O tempo vivido ( e apenas ele, do
ponto de vista
humano, é tempo de fato) apresenta-se unificado ao nosso
entendimento,
simultaneamente completo e em crescimento contínuo.
Desse tempo que assim se vai acumulando é que somos
o produto infalível, não de um inapreensível presente."
Não me Peçam Razões...
Não me peçam razões, que não as tenho,
Ou darei quantas queiram: bem sabemos
Que razões são palavras, todas nascem
Da mansa hipocrisia que aprendemos.
Não me peçam razões por que se entenda
A força de maré que me enche o peito,
Este estar mal no mundo e nesta lei:
Não fiz a lei e o mundo não aceito.
Não me peçam razões, ou que as desculpe,
Deste modo de amar e destruir:
Quando a noite é de mais é que amanhece
A cor de primavera que há-de vir.
"Não há nada mais triste que uma ausência (...), só
fica uma pungente melancolia, esta que faz (...) sentar ao cravo e tocar um
pouco, quase nada, apenas passando os dedos pelas teclas como se estivessem
olhando um rosto quando já as palavras foram ditas ou são de menos."
"Penso saber que o amor não tem nada que ver com a
idade, como acontece com qualquer outro sentimento. Quando se fala de uma época
a que se chamaria de descoberta do amor, eu penso que essa é uma maneira
redutora de ver as relações entre as pessoas vivas. O que acontece é que há
toda uma história nem sempre feliz do amor que faz que seja entendido que o
amor numa certa idade seja natural, e que noutra idade extrema poderia ser
ridículo. Isso é uma ideia que ofende a disponibilidade de entrega de uma
pessoa a outra, que é em que consiste o amor.
Eu não digo isto por ter a minha idade e a relação de amor
que vivo. Aprendi que o sentimento do amor não é mais nem menos forte conforme
as idades, o amor é uma possibilidade de uma vida inteira, e se acontece, há
que recebê-lo. Normalmente, quem tem ideias que não vão neste sentido, e que
tendem a menosprezar o amor como factor de realização total e pessoal, são
aqueles que não tiveram o privilégio de vivê-lo, aqueles a quem não aconteceu
esse mistério".
"O fim de uma viagem é apenas o começo de outra. É
preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na
primavera o que se vira no verão, ver de dia o que se viu de noite, com o sol
onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que
mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que
foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso
recomeçar a viagem. Sempre..."
"O que as vitórias têm de mau é que não são
definitivas.
O que as derrotas têm de bom é que também não são
definitivas."
"...Estranha relação é a que temos com as palavras.
Aprendemos de pequenos umas quantas, ao longo da existência vamos recolhendo
outras que vêm até nós pela instrução, pela conversação, pelo trato com os
livros, e, no entanto, em comparação, são pouquíssimas aquelas sobre cujas
significações, acepções e sentidos não teríamos nenhumas dúvidas se algum dia
nos perguntássemos seriamente se as temos. Assim afirmamos e negamos, assim
convencemos e somos convencidos, deduzimos e concluímos, discorrendo impávidos
à superfície de conceitos sobre os quais só temos ideias muito vagas e, apesar
da falsa segurança que em geral aparentamos enquanto tacteamos o caminho no
meio da cerração verbal, melhor ou pior lá nos vamos entendendo, e às vezes,
nos encontrando..."
(- O Homem duplicado)
"Das habilidades que o mundo sabe, essa ainda é a que faz melhor: